ATA DA SEXTA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA EXTRAORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 09.03.1989.
Aos nove dias
do mês de março do ano de mil novecentos e oitenta e nove reuniu-se, na Sala de
Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua
Sexta Sessão Ordinária da Segunda Sessão Legislativa Extraordinária da Décima
Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos foi realizada a segunda
chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adroaldo Correa, Airto Ferronato,
Artur Zanella, Clóvis Brum, Cyro Martini, Décio Schauren, Dilamar Machado, Edi
Morelli, Ervino Besson, Flávio Koutzii, Gert Schinke, Giovani Gregol, Heriberto
Back, Isaac Ainhorn, Jaques Machado, João Dib, João Motta, José Alvarenga, José
Valdir, Lauro Hagemann, Leão de Medeiros, Letícia Arruda, Luiz Braz, Luiz
Machado, Mano José, Nelson Castan, Omar Ferri, Valdir Fraga, Vicente Dutra,
Vieira da Cunha, Wilson Santos e Wilton Araújo. Constatada a existência de
“quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos, solicitou ao Ver.
Luiz Machado que procedesse à leitura de trecho da Bíblia e determinou que
fossem distribuídas em avulsos cópias da Ata da Quinta Sessão Ordinária, que
foi aprovada. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Artur Zanella, 02 Pedidos de
Informações, solicitando esclarecimentos sobre notícia veiculada pelo
Secretário Municipal dos Transportes acerca dos estacionamentos privativos e as
chamadas áreas especiais no Centro da Capital; e solicitando informações sobre
o futuro reajuste dos salários dos servidores municipais dos meses de janeiro e
fevereiro do corrente; pelo Ver. Cyro Martini, 01 Pedido de Providências,
reivindicando eliminação de fuga d’água existente na Rua “R”, em frente ao nº
395, na Vila Pinto; pelo Ver. Edi Morelli, 02 Pedidos de Providências,
solicitando colocação de abrigo no ponto de táxi na Rua dos Andradas, em frente
ao local das extrações da Caixa Econômica Estadual e regularização do
abastecimento d’água na Vila Brasília; 01 Indicação, sugerindo ao Senhor Governador
do Estado seja feita revisão na rede elétrica da Rua projetada Capivari; pelo
Ver. Ervino Besson, 09 Pedidos de Providências, solicitando calçamento ou
aterro e capina na Rua Prof. João Pitta Pinheiro; reposição de lâmpadas, na
mesma rua, em frente aos nºs 19, 52, 136, 216, 362, 467, 530, 546, Travessa A,
6, Travessa B, 11, 16 e 462; conclusão da rede de esgoto pluvial, próximo ao nº
2367, poda de árvores, na residência de nº 2196, limpeza na rua e vistoria
(conserto) na rede de água na rua Landel de Moura; iluminação no corredor da
Rua Dr. Pereira Neto, em frente ao nº 1880; capina urgente na Rua Santa Vitória
(conhecida como Pedreira); 01 Pedido de Informações sobre os horários dos
ônibus que servem o Bairro Camaquã, precisamente a Rua João Mora; pelo Ver.
Jaques Machado, 01 Pedido de Providências, solicitando repintura na faixa de
segurança defronte à Escola Estadual de 1º Grau Olegário Mariano, na Rua Olinda
nº 99; pelo Ver. Luiz Machado, 02 Pedidos de Providências, solicitando troca de
lâmpada na luminária, em frente ao nº 929 da Rua Chapéu do Sol, Bairro Belém
Novo; limpeza de esgoto entupido do nº 822 ao nº 903, na Estrada do Lami; pelo
Ver. Vieira da Cunha, 01 Pedido de Providências, solicitando a regularização do
abastecimento d’água, através de caminhões-pipa, instalação de reservatórios
d’água em cada uma das comunidades, desenvolvimento de projeto para a
implantação da rede d’água tratada nas Ilhas dos Marinheiros, do Pavão e das
Flores; 01 Pedido de Informações, solicitando informações referentes às obras
dos CIEMs, do Centro de Preparação de Mão-de-Obra do Gasômetro e Casas da
Criança; pelo Ver. Wilson Santos, 02 Pedidos de Providências, solicitando
iluminação em toda a Av. Dom Cláudio José Gonçalves Ponce de Leon e
substituição de lâmpadas queimadas na Av. França, em frente ao nº 1232 e na Av.
Amazonas, esquina com a Av. França nº 1144; 01 Indicação, sugerindo ao Senhor
Governador do Estado recolocação do telefone público na Padaria situada na Rua
E nº 35, na Vila Esmeralda – Lomba do Pinheiro. DO EXPEDIENTE constaram:
Ofícios nº 009/89, da Câmara Municipal de Serafina Corrêa; Ofícios nºs 165,
166, 167, 168, 169 e 170/89, do Sr. Prefeito Municipal de Porto Alegre. Ainda
neste período, o Sr. Presidente respondeu a Questão de Ordem do Ver. Vieira da
Cunha, tendo em vista encaminhamento de Pedido de Informações, juntamente com
outro de autoria do Ver. Cyro Martini, à Auditoria desta casa para estudo por
serem do mesmo teor, por entendimento do Sr. Presidente. A seguir, o Sr.
Presidente, de acordo com o Artigo 81 – Inciso II do Regimento Interno desta
Casa, concedeu a palavra ao Ver. Giovani Gregol, que relatou sua participação,
como representante desta Câmara Municipal no I Encontro dos Povos Indígenas no
Xingu e no I Encontro das Organizações Não Governamentais Conservacionistas na
Amazônia, ocorrido na cidade de Altamira – Estado do Pará. Salientou que o
objetivo maior do Encontro, o qual contou com a presença de indígenas,
sindicalistas, seringueiros, representantes do Governo Federal e de representantes
da Eletrobrás, é a preservação dos povos indígenas e da floresta Amazônica.
Acrescentou, ainda, que cabe ao Brasil manter a soberania e preservar o
patrimônio ecológico que é a floresta Amazônica. EM COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o
Ver. Luiz Machado manifestou seu descontentamento para com a Administração
Municipal que, reunindo a comunidade da Restinga, a fim de discutir a questão
do transporte coletivo que lá vem desenvolvendo seu trabalho há longo tempo. O
Ver. Artur Zanella, reportando-se ao pronunciamento de hoje do Ver. Luiz
Machado, criticou o descaso com que vem sendo tratadas tais lideranças;
solicitou à Bancada do Partido dos Trabalhadores lhe fosse destinado plano do
Governo Municipal que, segundo se noticia na imprensa local, está sendo
distribuído; comentou o novo aumento dos combustíveis cotejando com suas
posições quando da votação do Projeto relativo a tal – IVV; defendeu reajuste
para os funcionários públicos municipais equivalente ao dos funcionários
públicos estaduais. O Ver. Luiz Braz agradeceu às lideranças do PT e do PMDB
desta Casa por gestionarem junto às respectivas administrações pela causa da
Escola Jerônimo de Albuquerque, do Bairro Partenon, declarando estar aguardando
a pronta solução para o caso dos pavilhões a serem construídos. O Ver. Dilamar
Machado comentou notícia veiculada pela imprensa local, de irregularidades que
estão ocorrendo na distribuição e compra de vales-transporte pela Prefeitura
Municipal de Porto Alegre. Afirmou que a Prefeitura não vem adquirindo tais
vales junto à Associação dos Transportadores de Passageiros, mas que o repasse
aos funcionários vem sendo efetuado. Declarou que esta Casa deve averiguar tal
situação através de uma Comissão de Inquérito. A seguir, o Sr. Presidente
comunicou ao Plenário que deferira Requerimento, do Ver. Nelson Castan, para
constituição de Comissão de Inquérito com o objetivo de apurar denúncias
relativas à comercialização de vales-transporte, determinando ao Sr. Secretário
que procedesse a leitura desse documento. Ainda em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver.
João Motta expôs seu posicionamento acerca das denúncias relativas a
comercialização dos vales-transporte. Afirmou que a Associação dos
Transportadores de Passageiros de Porto Alegre rompeu acordo com a Prefeitura,
que não há comprovação de fraude e que a Prefeitura, diante da quebra do acordo
e necessidade fática, passou a adquirí-los diretamente das empresas de
transporte. Durante este período, o Sr. Presidente respondeu à Questão de Ordem
do Ver. Clóvis Brum, acerca do pronunciamento do Ver. Luiz Braz, e do Ver.
Adroaldo Correa versando sobre o deferimento de Requerimento para constituição
de Comissão de Inquérito. Nada mais havendo a tratar, o Sr. Presidente levantou
os trabalhos às quinze horas e vinte e seis minutos, comunicando seriam
realizadas, logo após, reunião de Comissão Especial no Gabinete da Presidência
e Comissão Externa na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, e convocando os
Srs. Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os
trabalhos foram presididos pelo Vereador Valdir Fraga e secretariados pelos
Vereadores Wilton Araújo e Lauro Hagemann. Do que eu, Lauro Hagemann, 1º
Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada,
será assinada pelo Senhor Presidente e por mim.
O SR. PRESIDENTE (Valdir
Fraga): Com
a palavra, o Sr. 2º Secretário.
O SR. 2º SECRETÁRIO: Existe um Pedido de
Informações do Ver. Cyro Martini que trata do mesmo assunto que um Pedido de
Informações do Ver. Vieira da Cunha, já lido, sobre o DEMHAB. A Mesa
solicitaria aos Srs. Vereadores que, por gentileza, confeccionassem um só, para
que a Casa não enviasse várias questões sobre o mesmo assunto.
O SR. VIEIRA DA CUNHA
(Questão de Ordem): Quero informar ao Sr. Secretário que, por ocasião do protocolo do meu
Pedido de Informações, recebi um telefonema da Diretoria respectiva, fazendo
esta mesma indagação. Foi quando eu perguntei se os dois Pedidos de Informações
eram iguais e me respondeu a Diretoria que não, que versavam sobre o mesmo
assunto, mas eram perguntas diferentes, daí porque este Vereador manteve o seu
Pedido, como de fato o mantém perante a Mesa Diretora da Câmara.
O SR. PRESIDENTE: Nós vamos encaminhar os dois
Pedidos à Auditoria, que poderá nos dar uma posição correta.
O SR. CLÓVIS BRUM (Questão
de Ordem): Pertinente
à preocupação do Líder do PDT e diante da manifestação da Mesa, eu pergunto à
Mesa qual das duas proposições primeiro ingressou no Protocolo da Casa.
O SR. 2º SECRETÁRIO: Primeiramente a proposição
do Ver. Cyro Martini, que leva o nº 56. Na mesma data, a do Ver. Vieira da
Cunha, que leva o nº 57.
O SR. VIEIRA DA CUNHA
(Questão de Ordem): Sr. Presidente, a minha Questão de Ordem é no sentido de recorrer à
Mesa da decisão, pois eu tomo conhecimento neste instante do teor do Pedido de
Informações do Ver. Cyro Martini, o qual não tem identidade com o
encaminhamento feito por este Vereador. Apenas se refere ao mesmo assunto, mas
as perguntas são diferentes. Apenas solicito a V.Exª que reexamine a decisão
anterior a fim de que nós não percamos alguns dias preciosos para que tenhamos
estas informações do Executivo respondidas.
O SR. PRESIDENTE: Vou pedir encarecidamente à
Auditoria que hoje mesmo ela nos dê esta resposta para que não se perca nenhum
tempo.
O SR. VIEIRA DA CUNHA: Então sou grato a V.Exª.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Giovani Gregol
representou a Câmara no I Encontro dos Povos Indígenas no Xingu e no I Encontro
das Organizações Não-Governamentais Conservacionistas na Amazônia, em Altamira,
Estado do Pará, de 20 a 25 de fevereiro de 1989. Por solicitação do Vereador, e
mesmo que não solicitasse, a Mesa, com muito prazer, iria colocar o tempo a sua
disposição, na forma do art. 81, tendo em vista que o Vereador representou a
Câmara neste Encontro, sem nenhum ônus para esta Casa. Pela relevância deste
encontro, V.Exª tem 10 minutos.
Eu peço silêncio ao Plenário, porque nós consideramos este trabalho do
Vereador excepcional, de grande beleza e de grande representação para esta
Casa.
Com a palavra, o Ver. Giovani Gregol.
O SR. GIOVANI GREGOL: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, é com satisfação que venho aqui prestar contas da representação que
tive a honra de levar desta Casa no I Encontro das Organizações
Não-Governamentais Conservacionistas na Amazônia, evento paralelo ao I Encontro
dos Povos Indígenas no Xingu, realizados, ambos, de 20 a 25 do mês de fevereiro
de 1989, na Cidade de Altamira, na região do baixo Xingu, às margens deste rio,
no coração da Amazônia.
A imprensa nacional e internacional documentou, divulgou fartamente
alguns aspectos, algumas imagens e acontecimentos deste encontro, como, por
exemplo, a já antológica cena em que uma índia, jovem liderança indígena das
mulheres da tribo Caiapó, que era a tribo idealizadora e anfitriã deste
encontro de povos indígenas no Xingu, fazendo um ritual que é comum a seu povo,
encostando a face cega do facão na face do Diretor da Eletronorte, subsidiária
da Eletrobrás, que lá estava representando esta empresa estatal.
O assunto, que foi o gancho principal deste encontro, é a pretendida
construção por esta empresa, a Eletronorte, de uma série de usinas
hidroelétricas e represas acessórias, no total de seis ou sete, nesta região do
rio Xingu. A primeira delas seria a represa de Cararaô. A soma total da área
alagada por estas seis ou sete hidroelétricas seria bem superior a área total
do lago da área alagada, portanto, pela hidroelétrica Itaipu e, justamente,
esta usina de Cararaô vai alagar uma área que se encontra hoje no coração da
reserva indígena do povo Caiapó. Estavam lá mais de 70 nações, povos ou
culturas indígenas representadas, foi o maior encontro de nações deste tipo, no
País. Tinham povos indígenas representados do Canadá, Estados Unidos, México,
América Central, Venezuela, Peru e assim por diante. Estavam presentes dezenas de
entidades ambientalistas do Brasil e do exterior, inclusive com várias
delegações de vários países, como Green Peace, Amigos da Terra e assim
por diante, além de toda a imprensa internacional. Mas o que é importante
ressaltar é o objetivo último deste encontro reunindo indígenas, reunindo
sindicalistas, reunindo ecologistas de vários lugares do mundo; reunindo
seringueiros – lá estava, por exemplo, o companheiro Júlio Barbosa, sucessor de
Chico Mendes, na Presidência do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri,
no Acre -, o objetivo maior era continuar a luta e tratar da continuação da
luta que hoje é internacional pela preservação dos povos e da floresta
amazônica. E nesse sentido foi lançada lá uma campanha nacional em defesa dos
povos e da floresta.
Por que isto? Porque hoje se chega à constatação de que é impossível
preservar a floresta sem preservar aqueles povos que vivem na floresta, e
vice-versa, que são os indígenas, os primeiros brasileiros, são os amazonenses em geral, os seringueiros, os castanheiros, os pescadores, os
ribeirinhos, os pequenos e médios proprietários que vivem naquela região há
muitas gerações e que têm vivido em equilíbrio perfeito, ou quase perfeito, com
aquele meio ambiente, de tal forma que, preservando, garantem a manutenção da
sua sobrevivência por períodos infindáveis de tempo. Lá estavam, também,
convidados pelos organizadores, representantes do governo federal, o Sr.
Fernando César Mesquita, representava o Presidente da República - ele que hoje
é o titular do Instituto Nacional de Meio Ambiente e defesa dos Recursos
Naturais Renováveis. Lá estavam os representantes da Eletrobrás, e assim por
diante; e foram inquiridos a respeito da construção destas usinas e seus
objetivos em relação à Amazônia. E lá, também, estes representantes oficiais,
respondendo estas perguntas, repetiram aquilo que tem sido uma constante, como
nós vemos hoje na imprensa, uma constante de alguns meios políticos
partidários, empresariais, inclusive militares, do País, dizendo que os
estrangeiros de qualquer tipo nada podem opinar sobre a Amazônia. Criticando
inclusive, causando espécie, provocando ofensa àqueles ecologistas que lá
estavam com o objetivo unicamente de contribuir com a preservação da floresta,
aqueles correspondentes da imprensa internacional, que lá se encontravam para
cobrir e informar sobre aquele encontro.
E, novamente, como já fiz aqui desta tribuna, absolutamente não se
cogitou nesse encontro dos povos indígenas do Xingu, absolutamente não se
cogita em todas as reuniões, em todas as atitudes, em todas as conversações, em
todas as declarações que os ecologistas brasileiros e estrangeiros fazem, que
os povos indígenas fazem, absolutamente não se cogitou ou se não se cogita
abrir mão da soberania nacional sobre a Amazônia. Ficou bem claro naquele
encontro, para que todos entendessem, foi divulgado no mundo todo que a
Amazônia é brasileira. A Amazônia está dentro do nosso território, deve
permanecer sob a soberania nacional. Nós sabemos que 10% dessa Floresta se
encontram sob a soberania de outros países; o Peru, Colômbia, Equador, Suriname
e assim por diante. Portanto, cabe a nós brasileiros e cabe ao Governo Nacional
uma responsabilidade histórica muito grande que é a responsabilidade de
preservar e de usar de uma forma realmente racional que significa: respeitando
as características ambientais, climáticas, de solo, culturais, demográficas
daquela região. Cabe a este Governo, perante o mundo todo, a responsabilidade
de uma preservação realmente eficaz deste patrimônio. E o mundo inteiro hoje
está preocupado com a preservação da Amazônia, pelo simples fato de que o
destino deste ecossistema terá reflexos diretos a curto, médio e longo prazo,
já está tendo reflexos sobre o destino do Planeta Terra como um todo,
especialmente do ponto de vista climático. E isto, os ecologistas de todo o
mundo já sabem há muito tempo, e alguns órgãos financiadores internacionais,
como o FMI, também já se deram conta. Fundo este que é muito bem assessorado,
muito bem informado por especialistas e cientistas.
Então, toda a ajuda que nós, brasileiros, que o nosso País possa ter,
no sentido de preservar este patrimônio que é nosso, de administrá-lo de forma
realmente coerente, o que até hoje não aconteceu neste País, é bem-vinda. E se
o Fundo Monetário Internacional e outros bancos hoje dizem que a Amazônia deve
ser preservada, nós ficamos satisfeitos porque eles estão concordando com
aquilo que nós, aqui no Brasil, pensamos há várias décadas. Essas instituições
fazem isso não porque são boazinhas ou
porque maquiavelicamente também querem colocar a mão na Amazônia, mas
porque se dão conta de que o próprio equilíbrio ambiental e econômico, por
conseqüência, dos seus próprios países, como o Estados Unidos, com a Europa
Ocidental, dependem daquilo que está sendo feito e o que se vier as fazer na
Floresta Amazônica.
Além disso, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, essa acusação de que
pretendemos internacionalizar a Amazônia é uma acusação absolutamente
descabida. Nós sempre lutamos pela preservação da Amazônia e para a sua
utilização para o povo brasileiro e essa acusação, justamente, hoje, parte
daqueles setores que já internacionalizaram a Amazônia, porque a Amazônia já
está internacionalizada. Que outra coisa significa o Projeto Grande Carajás, o
Projeto Alunorte, a exploração inadequada, o contrabando descarado e vergonhoso
dos metais preciosos -principalmente ouro e as pedras preciosas - que fazem em
nosso País?
Então, não admitimos que esse Governo que aí está, que essas forças
econômicas que aí estão – nacionais e internacionais – e que, na verdade, está
há muito tempo internacionalizando a Amazônia venham nos acusar de pretender
fazer exatamente aquilo que eles estão fazendo. Nós queremos, aliás, como todos
brasileiros e brasileiras, que todos tenhamos o mesmo objetivo: lutar pela
preservação das florestas e por um futuro digno, um futuro garantido, para os
povos que vivem milenarmente nesta floresta, a começar pelos indígenas, que
moram lá há milhares de anos, os seringueiros, os castanheiros, todos os povos
que são nativos daquela região. E nós sabemos que isso contraria os grandes
interesses, que só vêem, na floresta, o seu sub-solo, só vêem o lucro e
exclusivamente o lucro.
Nós, certamente, contamos com o apoio de muitas forças, muitos partidos
e muitas organizações, inclusive desta colenda Câmara de Vereadores de Porto
Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Liderança, com o PMDB, Ver.
Luiz Machado.
O SR. LUIZ MACHADO: Quero dizer a todos que
ontem houve uma reunião na Vila Restinga, com o Sr. Prefeito e vários
Secretários do Município. Esta reunião aconteceu no Cecores, Ginásio Principal.
Lá foram, aproximadamente, duas mil pessoas. Foi uma das maiores reuniões dos
últimos tempos, dentro do Cecores. Quero dizer que ela foi grande em número de
participação do povo, embora não foi grande nas decisões.
Assomo à tribuna para repudiar algo que tem que ficar registrado, que é
o respeito aos Srs. Vereadores, que representam as comunidades, porque, não fui
convidado, representando a comunidade, onde passo a cada dia, cada momento,
pois a minha vida é lá. Não fui convidado para tanto. E lá chegando também não
fui convidado para participar da Mesa, onde estava, na maioria, os Secretários
do Município.
Acho que isto é uma indelicadeza, quem sabe se o Prefeito fez isto,
impensadamente; ou quem sabe se deixou para um secretário fazer isto, e o
convite não foi feito para mim.
Quero dizer aos senhores, aproveitando as palavras do Ver. Edi Morelli,
que isto é costume, quero dizer que me sinto muito triste, porque a gestão
anterior quando participava na Vila Restinga sempre convidou todas as
associações com ofício e convidava a todos os Vereadores. Muitas vezes,
chegando lá, Collares estava lá com seu Secretariado, o Ver. Zanella, que
representava a comunidade, também, e vários outros companheiros. E desta vez
não houve o mesmo com a minha pessoa.
Quero dizer com isto que, participando desta reunião, no meio do povo
da Vila Restinga, se foram duas mil pessoas, era porque a proposta era de
solução imediata dos problemas de transporte na Vila Restinga. Por isso,
compareceram os desesperados sofredores do problema do transporte da Vila
Restinga para escutar e ver a decisão do Governo do Município. E o Governo
escutou vinte lideranças comunitárias que falaram. Todas elas são trabalhadores
e viram o reclame e reivindicação dos moradores por melhor transporte. Palavra
do Prefeito: aproximadamente em 180 dias estará resolvido definitivamente o
problema de transporte na Vila Restinga. Eu fiquei preocupado, porque o
Prefeito tem as rédeas do Governo Municipal, da Cidade em suas mãos e empurrou
para seis meses. A população que lá compareceu foi para trazer uma notícia a
seus familiares, que o problema de transporte na Vila Restinga vai ser
resolvido e isto não aconteceu. Mais uma vez, também dizer que as Associações
da Vila Restinga, aquelas que são famosas por quarteirões, a Associação da 1ª,
2ª e 3ª Unidades da Restinga Velha, Barro Vermelho, esse conglomerado que se
forma a Restinga, não receberam ofício de convite nenhum para participar da
reunião. No momento em que o Prefeito assumiu a Prefeitura, foi decidido de
montar um famoso mutirão na Vila Restinga e dali sair um movimento comunitário
fora da Associação, fora da representação legal que lá existe. E quero dizer
que aí fica esta denúncia: nós, moradores da Restinga, não vamos nos curvar
nunca e, como representante daquela comunidade, quero dizer que não vamos nos
curvar, e mesmo sem convite, este Vereador sempre estará presente, porque quero
ouvir as decisões do Governo Municipal e não às promessas. Aqui fica meu
repúdio para que o Governo Municipal respeite os Vereadores, já que a
Secretária Lires Marques não o faz. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Liderança com o PFL. Com a
palavra, o Ver. Artur Zanella.
O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, este descaso com os Vereadores do Sr. Olívio Dutra, ou do Dr. Tarso
Genro, não é uma novidade lá na Vila Restinga. Hoje, no jornal, aparece que o
Dr. Tarso Genro anda distribuindo pelos jornais o Plano de Governo do PT. Foi,
ontem, no “Correio do Povo” e entregou lá o Plano de Governo do PT. Então, eu
peço, já que os Vereadores não receberam este Plano, como os Vereadores do PT
devem ter consigo este Plano, prestigiadíssimos que são pela Administração, eu
gostaria de ter ao menos emprestado este Plano que foi distribuído ontem pela
imprensa.
Sr. Presidente, também para reflexão da Casa, eu leio hoje no Jornal do
Comércio a Portaria do Conselho Nacional do Petróleo que aumenta o preço da
gasolina, do diesel, do gás, em função do ICMS, em 17%. Era para ter início a
cobrança no dia 1º, mas foi adiada, ao que parece, para o dia 1º de abril. Uma
data boa. E eu quero dizer aos Senhores que votei contra o Projeto IVV.
Apresentei uma Emenda beneficiando os motoristas de táxis e o Ver. Luiz Braz,
em seu Parecer, a retirou. Tentei que ela fosse votada. Uma Comissão, a
Comissão de Justiça, presidida pelo Ver. Elói Guimarães, se não me engano,
disse que não precisava aquela Emenda, porque os táxis estariam automaticamente
isentos. Então, eu lembro que, se vigorar a liminar obtida pelos empresários,
no dia 16, a Cidade vai ter um aumento de mais 3% no combustível, inclusive os
táxis. E, naquela época, se garantia que os táxis não teriam aumento, que não
se preocupassem, que não precisava aprovar a Emenda.
Eu perdi na Comissão de Justiça, eu perdi na votação, perdi em tudo.
Agora, quem vai perder são os proprietários dos motoristas de táxis. E eu, com
todo respeito, vou encaminhar para o Sindicato aquele Parecer da Comissão de
Justiça, que dizia que eles não iam pagar, que se tranqüilizassem. Só que vão
pagar. E, por isso, encaminhei ao Sr. Presidente um Ofício, pedindo que a
Assessoria Técnica da Casa me ajudasse a redigir um Projeto, extinguindo o IVV,
um Projeto de Lei simplesmente extinguindo, porque se todos aqui – ou a maioria
– 31 eram contra o repasse ao consumidor, fruto desta liminar. O consumidor, a
partir do dia 16 estará pagando mais 3% da gasolina, e mais 17% a partir do dia
1º. São 20% da gasolina, no álcool, lubrificantes e certos tipos de gases e 17%
no diesel, a partir do dia 1º de abril. Então hoje, dia 9, com a presença
maciça dos Srs. Vereadores, e espero que com a atenção da maioria, eu digo
novamente: dia 16 a Cidade estará pagando mais 3% pelos combustíveis, e no dia
1º mais 20%, e isto influi, na parte do Estado, o ICMS, inclusive no diesel.
Finalmente, Sr. Presidente, já que não pude encaminhar o Pedido de Informações
sobre o problema salarial dos funcionários, eu queria comentar a notícia de
hoje de que o magistério gaúcho, que normalmente recebe seus cálculos de
DIEESE, da CUT, enfim, principais dirigentes do PT, no Governo do Estado, estão
pedindo o aumento de 71,98%, referente aos meses de janeiro e fevereiro. Espero
que esse cálculo, feito para os professores do Estado de 71,98%, que é sempre
feito pela CUT e pelo DIEESE, ligados historicamente ao PT, seja também
transferido aos funcionários municipais, porque o que vale para os professores,
para eles fazerem greve contra o Governo do Estado, creio que deve valer o
mesmo número para os funcionários municipais. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, em tempo de
Liderança, o Ver. Luiz Braz.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
o PTB, hoje, quer agradecer a duas Lideranças desta Casa, que ouviram os
reclames feitos desta tribuna – Ver. Clóvis Brum e Ver. Flávio Koutzii, - com
relação à Escola Jerônimo de Albuquerque. Soubemos, não somente através da
imprensa, como também através de contatos com Vereadores, que os nossos apelos
desta tribuna não foram feitos em vão, as providências já começam a ser
tomadas, o Prefeito Olívio Dutra já tem uma visita marcada para a semana que
vem à Escola Jerônimo de Albuquerque. Inclusive, um de nossos pedidos, naquela
tarde, era de que, se não houvesse outra possibilidade, que fosse inclusive
feita a interdição do prédio da escola, já que as crianças estão correndo
perigo. Então, é muito bom que o Prefeito Municipal vá ao local, para que ele
veja as condições da escola, a fim de que possa tomar esta decisão, que pode
ser muito importante para aquela comunidade. Ao mesmo tempo, ele também terá a
oportunidade de ver que aquela área ao lado da escola se destina à construção
de escolas e poderá, então, servir para construir os novos pavilhões da
Jerônimo de Albuquerque.
O SR. CLÓVIS BRUM (Questão
de Ordem): Sr.
Presidente, regimentalmente, não tenho como interromper o orador e, como ele
aborda um assunto trazido por ele, informando à Casa sobre a visita do Prefeito
à Escola Jerônimo de Albuquerque, eu queria, nesta Questão de Ordem, agregar ao
pronunciamento do Ver. Luiz Braz que, não só o Prefeito, mas também o
Secretário Municipal de Obras Públicas irá, pela segunda vez, naquela escola,
em função do pronunciamento do Ver. Luiz Braz.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa registra a sua
Questão de Ordem e informa ao orador que fará a recuperação de seu tempo.
O SR. LUIZ BRAZ: Sou grato. Mas, Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, eu dizia, no início de meu pronunciamento, que
iria agradecer a duas Lideranças nesta Casa. Uma, a do Ver. Flávio Koutzii, e
já tive oportunidade de citar o porquê do agradecimento. A outra Liderança
desta Casa, é claro, é a Liderança do PMDB, na figura do Ver. Clóvis Brum.
Também o Ver. Clóvis Brum deu seqüência àquelas ações que foram iniciadas neste
Plenário e foi até ao Secretário de Obras e o Secretário de Obras já se
comprometeu com o Ver. Clóvis Brum a ir até ao local e, ao mesmo tempo, eu vi
uma matéria que foi distribuída pelo Vereador Clóvis Brum, que o Secretário de
Obras está-se comprometendo a reconstruir os pavilhões da Escola Jerônimo de
Albuquerque. Eu agradeço, Ver. Clóvis Brum estas providências porque V.Exª agiu
como um verdadeiro Líder de um grande Partido, aqui nesta Câmara. Mas acontece
que eu só quero lembrar uma coisa para V. Exª. No final do ano passado, o
Secretário Assis, o Secretário de Obras já tinha prometido para aquela
comunidade que os pavilhões da Jerônimo de Albuquerque iriam ser reconstruídos.
E disse mais, ainda, o Secretário: disse que já tinha recursos suficientes para
reconstruir aqueles pavilhões. Nós fomos visitar, neste mês, aliás, no mês
passado, juntamente com a Diretora da Escola
Jerônimo de Albuquerque, o Secretário de Educação e Cultura Prof. Rui
Carlos Osterman e recebemos do Prof. Rui Carlos Osterman a seguinte
recomendação: de que não seria possível reconstruir aqueles pavilhões de acordo
com o que tinha sido prometido pelo Dr. Assis porque não havia recursos. E eu
disse: “quem sabe os recursos estão na Secretaria de Obras?”; e ele disse:
“impossível, porque quem libera recursos para a reconstrução dos pavilhões é a
SEC e a SEC não tem recursos para reconstruir pavilhões”.
Então, eu quero dizer a V.Exª, Ver. Clóvis Brum, que talvez esta batalha
que V.Exª inicia agora, junto comigo, para que nós possamos fazer com que
aquelas 700 crianças lá do Campo da Tuca e imediações, possam, novamente
freqüentar as aulas do Jerônimo de Albuquerque, que talvez seja uma batalha que
esteja no início. O Dr. Assis, o Secretário de Obras do Estado, no final do ano
passado, já afirmava o que afirmou agora para V.Exª, que tinha condições de
reconstruir aqueles pavilhões. Eu só espero, espero mesmo, que desta vez o Dr.
Assis tenha realmente estes recursos, já tenha conversado com o Dr. Rui Carlos
Osterman, lá na SEC, para que não fique apenas em palavras e que de repente o
ano vai-se passando, os dias vão-se escoando e, de repente, nós vimos que
nenhuma providência foi tomada, e nós ficamos apenas no discurso bonito.
Por isso eu peço a V.Exª que faça novos esforços para que a Secretaria
de Obras cumpra com aquilo que prometeu para V.Exª e com aquilo que prometeu
para este Vereador, ainda no final do ano passado. Mas, assim mesmo, eu
agradeço às providências de V.Exª, como também agradeço as providências do
Líder do PT, porque na semana que vêm quero ter o prazer, juntamente com a
Liderança do PT e com o Prefeito Municipal, estar naquela escola quando nós
poderemos ver in loco e bem de perto
as condições precárias em que funciona a Escola Jerônimo de Albuquerque. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Liderança, com o PDT, a
palavra com o Ver. Dilamar Machado. V.Exª tem 5 minutos.
O SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, a imprensa publicou, hoje, nos jornais, rádios e televisões, o
encaminhamento de queixa-crime da Associação de Transportes de Passageiros de
Porto Alegre – ATP, com relação ao que a empresa através de seu Procurador,
ilustre advogado Osvaldo Lia Pires, considera no mínimo um ato ilícito, tanto
que encaminhou a queixa junto à Delegacia de Defraudações.
Aqui foi dito, há poucos dias pelo Líder do PT, Ver. Flávio Koutzii,
que efetivamente os municipários não estavam recebendo diretamente da ATP o
vale-transporte porque a Prefeitura está em dívida com a ATP. Não pagou
dezembro, janeiro e como neste País ainda alguma classe de caloteiros é
penalizada com o não fornecimento do bem que compra e não paga, a partir de
fevereiro, a Associação não forneceu, à Prefeitura, o vale-transporte.
Este aqui, Srs. Vereadores... (Mostra o saquinho com os
vales-transportes.) Vou deixá-lo de posse da Mesa, até porque vai ter utilidade
depois. Esta aqui é a embalagem oficial da Associação dos Transportadores do
Transporte Coletivo de Porto Alegre. É uma embalagem lacrada, selada, tem
cinqüenta fichas e vale dinheiro. Cada usuário, cada patrão, inclusive o Poder
Público, quando compra o vale-transporte recebe esta embalagem, que faz parte
de um convênio, regulado por um Decreto e que é baseado numa Lei Federal que
criou o vale-transporte.
Pois, a Prefeitura não vem comprando da Associação de Transportadores o
vale-transporte, mas os municipários estão usando e esta é a embalagem sob
suspeita. (Mostra outra embalagem.) Esta é caseira e, segundo testemunha, foi
fabricada na Empresa Nortran. Mas eu sei porque ouvi o Prefeito Olívio Dutra,
hoje falando na rádio, que S.Exª vai alegar que essas fichas são da Carris.
Quinhentas mil fichas são fornecidas pela Carris, e eu vou dizer
antecipadamente se não é uma inverdade, é um equívoco do Prefeito.
A Cia. Carris Porto-Alegrense, Srs. Vereadores, é bom que saibam os
ilustres colegas do PT, vem diariamente, inclusive até ontem, dia 08 de março,
recebendo rigorosamente o valor de suas fichas junto a ATP. O esquema é o
seguinte: fim de tarde, vai alguém da Carris até a Associação dos
Transportadores e entrega as fichas que recolheu dos seus ônibus, e recebe o
dinheiro. Recebeu cerca de um milhão e novecentas mil fichas em dezembro, um
milhão, oitocentos e setenta mil fichas em janeiro, um milhão, setecentos e
oitenta mil fichas em fevereiro, uma pequena redução em função das férias, e
até ontem, dia 08, já recebeu mais de quinhentas mil fichas, do
vale-transporte, a Cia. Carris Porto-Alegrense. Essa embalagem está sendo
distribuída pela Administração Popular, só que a Administração Popular não está
comprando essas fichas da Associação dos Transportadores. Tudo indica, Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, que é um ato ilícito, é o que está escrito aqui.
Eu vou pedir depois a transcrição nos Anais da Casa da Petição do Dr. Osvaldo
de Lia Pires, para que a Delegacia de Defraudações examinasse o caso. A prova
material foi tão flagrante, os indícios eram tão claros que, meu caro Delegado
Leão de Medeiros, caro Delegado Cyro Martini, acostumado aos delitos policiais,
que o Delegado de deflagração solicitou ao Juiz de Direito uma ordem judicial,
e de posse dessa ordem, arrombou gavetas da Secretaria Municipal do Meio
Ambiente e de lá retirou, pelo que me consta, setenta e cinco pacotinhos
desses, e que não foram fornecidos pela ATP, alguém forneceu. Ou alguém montou.
Segundo a Associação, o prejuízo dos transportadores de ônibus nesse ato
ilícito, nesse mês é da ordem de 63 milhões de cruzados.
O caso é sério, tão sério que ao tomar conhecimento desse fato e com
este material na mão, me dirigi a esta Casa, à qual pertenço por delegação
popular, procurei inicialmente o Presidente Valdir Fraga, Presidente do
Legislativo, independente de ser integrante do meu Partido, o Líder Vieira da
Cunha do PDT, estive em contato com o Ver. Leão de Medeiros representando o
PDS, porque não encontrei na ocasião o Ver. João Dib, Líder dessa Bancada,
contatei com o Ver. Luiz Braz e com o Ver. Edilberto Morelli, do PTB, com o
Ver. Clóvis Brum, Líder do PMDB; e comuniquei a esses Vereadores a minha
intenção, naquele momento, de pedir nessa Casa a instauração de uma Comissão de
Inquérito, tal a gravidade que este assunto se apresenta, a meu ver. Confesso a
V.Exª que recebi de todos esses Vereadores e dessas Bancadas, inclusive a do
PDT, a intenção clara de abrir esta Comissão de Inquérito, porque este é um
assunto sério. Alguém está roubando de alguém; alguém está cometendo um ato de
gatunagem. Alguma pessoa ou algumas pessoas, porque eu não acredito que o
companheiro Olívio Dutra vá ensacar fichinha que não lhe pertence para dar de
presente para seus militantes ou para vender para seus funcionários do
Município - o que seria mais grave ainda, porque está vendendo o que não é seu.
Algo está errado, algo não está certo, e deve ser examinado mais a fundo, pela
Casa. Quando cheguei aqui, à tarde, já com o Requerimento da CPI, inclusive
assinado pelo Presidente da Casa, fui surpreendido pelo mesmo Requerimento com
um teor diferente, mas já encaminhado pelo Ver. Nelson Castan, também da
Bancada do PDT, razão pela qual estou retirando o meu Requerimento e chego à
seguinte conclusão: não sou tão rápido quanto à juventude do meu colega Nelson
Castan. Estou ficando velho. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Antes de ceder o tempo de
Liderança ao PT, gostaríamos de fazer um esclarecimento referente aos
Requerimentos. Nós fomos procurados pelo Ver. Dilamar Machado, na primeira hora
da manhã, na Sala da Presidência, onde estavam presentes o Ver. Vieira da
Cunha, Líder do PDT, e o Ver. Clóvis Brum, se não me falha a memória. Ele nos
comunicava do encaminhamento, pedindo orientação. De imediato, chamamos a
Direção Legislativa, que nos informou da necessidade de 11 assinaturas, e o
Vereador-Presidente poderia deferir no Plenário, mas sem colocar em votação
esse Requerimento. Pediu-me minha assinatura; como Vereador, assinei; depois
também fomos procurados pelo Ver. Nelson Castan – estou explicando porque quero
colocar em votação o Requerimento do Ver. Nelson Castan. Estou explicando
porque o Ver. Dilamar Machado também me perguntou há poucos instantes se
haveria necessidade de protocolar. Lógico que haveria necessidade de
protocolar, depois que conseguisse as 11 assinaturas. Certo? Agora o Ver.
Nelson Castan nos trouxe o documento, não tinha protocolado, mas com as 11
assinaturas; poderia ter acontecido isso com outras Bancadas, estou apenas
explicando para que, no futuro, se acontecer a mesma coisa, esclareço que deve
ter essa tramitação: com as 11 assinaturas, deve ser protocolado.
Peço ao Sr. 1º Secretário que faça a leitura do Requerimento do Ver.
Nelson Castan, o qual solicita CPI sobre o vale-transporte.
O SR. 1º SECRETÁRIO: (Lê o Requerimento.)
“Porto Alegre, 9 de março de 1989.
Prezado Senhor:
Considerando o funcionamento irregular do Transporte Coletivo em nossa
Cidade, no que diz respeito aos aspectos arrolados a seguir:
1.
Denúncia
de fraude e abertura de inquérito policial sobre a comercialização e/ou
distribuição irregular do vale-transporte pela Prefeitura Municipal de Porto
Alegre, conforme matéria veiculada no jornal Zero Hora de 09/03/1989, pg. 38 e
jornal Correio do Povo do dia 09/03/1989, pg. 1 (xérox, em anexo);
2.
A
dificuldade na preservação da qualidade do serviço de transporte oferecido à
população pela Prefeitura nas empresas sob sua gestão, principalmente devido ao
crescente número de veículos retidos nas oficinas por falta de manutenção,
inclusive com denúncia por parte dos interventores de boicote e sabotagens nas
empresas;
3.
A
crescente insegurança dos funcionários das empresas sob intervenção,
decorrentes das pressões que têm sido denunciadas, tanto por parte dos
empresários como também dos interventores;
4.
A
interrupção no convênio que a Prefeitura e Permissionárias mantêm há anos com a
APAE, através do qual crianças excepcionais e seus acompanhantes recebiam
gratuitamente o vale-transporte;
5.
As
dúvidas que pairam sobre a real necessidade do prolongamento das intervenções,
uma vez que o motivo original que as tornaram imperiosas (a paralisação
iminente por parte dos empresários que exigiam do Executivo uma definição sobre
o nível tarifário e o dia da sua efetivação) deixou de existir com o acordo
celebrado;
6.
Os
custos que a decisão em manter a intervenção já acarretou aos cofres municipais
e os possíveis encargos futuros, fruto do provável ajuizamento de ações contra
a Prefeitura para o ressarcimento por danos e prejuízos, onerando pesadamente
as finanças municipais;
7.
A
sustação de pagamentos de fornecedores referente a títulos que venceram durante
este período em que o Poder Permitente passou a gerir as empresas e o risco daí decorrente de solicitação
de falências das permissionárias;
(a) Ver. Nelson Castan,
Presidente da CUTHAB.”
(Seguem-se as demais assinaturas.)
O SR. PRESIDENTE: Seria possível identificar
as assinaturas, Sr. Secretário?
O SR. 1º SECRETÁRIO: O primeiro subscritor é o
Ver. Nelson Castan, depois vem: Ver. Jaques Machado, Ver. Isaac Ainhorn, Ver. Artur Zanella, Ver. Leão de Medeiros, Ver. Wilson Santos, Ver. Cyro Martini, Verª Letícia
Arruda, Ver. Mano José, Ver. João Dib. São estas as assinaturas constantes no
Requerimento, em número de onze.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa defere o Requerimento
de V.Exª.
O SR. NELSON CASTAN (Questão
de Ordem): Sr.
Presidente, só gostaria de esclarecer ao Plenário que, ao contrário do que
disse o Ver. Dilamar Machado - eu já esclareci isto a ele pessoalmente - , não
é uma questão de ser ligeiro ou não, é a questão de que quando cheguei a esta
Casa procurei o Presidente, falei da iniciativa e daí então fui comunicado
desta também iniciativa do Ver. Dilamar, porque eu não tinha conhecimento.
Propus a ele algum empreendimento em conjunto. Tenho o maior respeito pelo Ver.
Dilamar, mas entendo que estou trabalhando neste assunto já há bastante tempo.
O SR. PRESIDENTE: Não leve a mal, mas não é
Questão de Ordem, mas fica registrado então.
Liderança com o PT, Ver. João Motta, por 5 minutos.
O SR. JOÃO MOTTA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, gostaria apenas de destacar, inicialmente, que estão nas minhas
mãos que informaram a intervenção do Ver. Flávio Koutzii dias atrás, que
colocava, exatamente isto, que a ATP não forneceu vales-transportes no mês de
fevereiro, apesar da Prefeitura já estar com o cheque, inclusive, para
pagamento dos mesmos, pronto e à disposição da mesma empresa.
Em segundo lugar, gostaria de dizer, também, que não ousaria lançar mão
dos serviços do ilustre Ver. Dilamar Machado, enquanto procurador, para
qualquer ação que porventura algum dia venha a impetrar, porque me parece um
tanto imprudente, na sua postura enquanto procurador de uma causa. Enquanto a
imprensa fala em suspeitas de fraude, o Vereador, aqui, já colocou de uma forma
clara e inequívoca que existe uma fraude. Gostaria que o Vereador assumisse as
conseqüências desta sua afirmação nessa tribuna.
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, gostaria de colocar que no nosso
entendimento, não há como fazer uma discussão sobre este episódio, sem pelo
menos, colocar de uma forma nua e pública, fatos e elementos que compõem todo
este episódio. Em primeiro lugar, o rompimento de um acordo que a ATP com a
Prefeitura efetivou. Exatamente no dia 13 de fevereiro de 1989, quando a ATP
rompeu com o acordo e passou a não fornecer o vale-transporte para o mês de
fevereiro. E qual era o acordo, e o que ficou acordado nessa ocasião, ou seja,
no dia 13 de fevereiro de 1989? Que a ATP colocaria, à disposição da Prefeitura
Municipal, os vales-transportes, porque entendia, aliás, entendiam ambas as
partes, que a discussão sobre o vale-transporte deveria ser tratada de uma
forma separada da discussão sobre a crise dos transportes, ou a ameaça do
locaute.
Entretanto, Srs. Vereadores, exatamente às 16hs deste mesmo dia, e
contrariando o estabelecido, pela manhã, através de um emissário, Sr. Luis
Mário, que representou naquele momento o Presidente da ATP, exatamente colocou
o seguinte dado e a seguinte informação, que somente passaria o vale-transporte
para a Prefeitura Municipal mediante o pagamento da dívida e antecipação de
pagamento da compra das fichas no mês de janeiro. Contraria, portanto, o acordo
que prevê o pagamento das aquisições de fichas nos dias 15 de cada mês. Segundo
dado que me parece importante colocar nesta discussão: se é verdade, por um
lado, que houve um acordo que imediatamente fora negado pela ATP, houve uma
pressão justa e democrática do funcionalismo exigindo seu direito, na medida em
que já havia até mesmo descontado, nos seus contra-cheques de janeiro, o valor
referente aos vales-transportes. Mas qual o golpe que a ATP fez? Foi exatamente
esse que relatei, impondo uma condição nova nas negociações e fugindo
completamente da posição inicial assumida por eles na reunião do dia 13. Conseqüência
disto, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é que diante da impossibilidade fática
e concreta de se adquirir as fichas do vale-transporte na ATP, já estando o
transporte coletivo sob a intervenção do Município, a Prefeitura resolve
adquirir diretamente nas empresas intervidas as fichas, inclusive estabelecendo
que somente utilizaria as fichas nas cores lilás e laranja. Portanto, a forma
viabilizada para que se saísse desse impasse e para se equacionar a situação,
foi exatamente esta e que, de uma forma operacional, num primeiro momento, foi
realizada de maneira manual, razão pela qual se encontram ainda hoje, em
algumas Secretarias, conjuntos de fichas do tipo das que se encontram na SMAM,
para, num segundo momento, ser feita através de máquinas utilizadas das
empresas Nortran e Sopal.
Para concluir, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, me parece evidente que
não se consegue tão rapidamente se criar, em cinco minutos, uma situação em que
a conclusão, no meu entendimento quase mecânica, ou seja, de que houve objetivamente
a reutilização das fichas por parte da Administração, o que aí sim, de fato,
comprovaria a própria fraude. Segundo, para concluir, me parece que a
Prefeitura Municipal de Porto Alegre, exercendo seu direito de gerenciar o
sistema de transportes e suprir os seus funcionários de vales-transportes, não
teve alternativa, se não a de usar diretamente estas fichas que estavam nas
empresas intervidas, mediante a compensação com repasses e adiamento da
Secretaria Municipal da Fazenda às ditas empresas. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Srs. Vereadores, logo a
seguir, teremos uma reunião da Comissão Especial, presidida pelo Ver. Lauro
Hagemann, e o Relator da Comissão é o Ver. Clóvis Brum, na Sala da Presidência,
referente ao Imposto “Inter-vivos” e é desejo da Casa trazer ao Plenário, na
próxima segunda-feira, o Projeto para votação. Solicitamos, a pedido do
Presidente, que os componentes desta Comissão se dirijam à Sala da Presidência.
Também, logo a seguir, às 16h, aqui no Plenário, uma reunião de uma
Comissão Externa, presidida pelo Ver. Nelson Castan, com autoridades e
Diretores do BRDE.
Para amanhã, pela manhã, na nossa Sessão Extraordinária, vamos colocar
em votação o PLE nº 142/88 – Veto Parcial ao Projeto que estabelece o Plano de
Carreira do DEMHAB.
O SR. ADROALDO CORRÊA
(Questão de Ordem): No aspecto regimental da Lei Orgânica sobre constituição de CPI, eu
tenho uma dúvida. Eu gostaria de saber o seguinte. Artigo 23 da Lei Orgânica do
Município, a constituição se dá por 11 assinaturas. (Um terço da Câmara);
Parágrafo 2º, Sessão 2: da Comissão de Inquérito do Regimento Interno da Câmara
Municipal: “Deferida a constituição da Comissão de Inquérito e a designação dos
seus membros...”
Sr. Presidente, deferida por quem?
O SR. PRESIDENTE: No momento, ela é deferida
pela Presidência.
O SR. ADROALDO CORRÊA: Mas consta no Regimento que
não é necessária a consulta ao Plenário. É apenas uma praxe ou é regimental?
O SR. PRESIDENTE: Do art. 14, é da competência
da Presidência.
Nós temos condições de responder a V.Exª e ao Plenário amanhã. Vamos
adiantar: é competência da Presidência. No momento em que foi feita a leitura
pelo Secretário, naquele mesmo momento, eu dizia que estava sendo deferida pela
Presidência a constituição da Comissão.
O SR. ADROALDO CORRÊA: Esse detalhe eu entendi, Sr.
Presidente. Não estou questionando a sua competência, estou procurando um
esclarecimento, conforme disse no início.
O SR. PRESIDENTE: O que V.Exª quer saber é
referente às indicações para participar dessa Comissão.
O SR. ADROALDO CORRÊA: Muito obrigado, já entendi.
O SR. PRESIDENTE: Nada mais havendo a tratar,
declaro encerrados os trabalhos.
(Levanta-se a Sessão às 15h26min.)
* * * * *